O Movimento CERCI – O aparecimento das primeiras CERCIS
As CERCI’s surgiram a partir da segunda metade da década de 70, sendo uma iniciativa de pais, técnicos e pessoas preocupadas com a problemática da pessoa com deficiência intelectual e inserem-se num movimento alargado de solidariedade social dando bem o testemunho da energia dinâmica da sociedade portuguesa, que confrontada com os problemas da população com deficiência intelectual, os procura resolver o mais adequadamente possível.
As CERCI’s assumem-se como entidades prestadoras de serviços que intervêm supletivamente em áreas que são da competência e obrigação inalienável do Estado.
O grande objectivo das CERCI’s é estruturar respostas adequadas e necessárias ao desenvolvimento das crianças, jovens e adultos com deficiência, bem como, apoiar e promover de forma diversificada a sua inclusão na Sociedade.
No início da sua actividade, o trabalho das CERCI’s era fundamentalmente dirigido à população em idade escolar e consistia no apoio a necessidades educativas especiais. Assim, foram pioneiras em Portugal na criação de Escolas de Educação Especial para crianças com deficiência intelectual e/ou multideficiência, rompendo com uma tradição de atendimento meramente assistencial até então predominante no nosso país.
Outro aspecto relevante do pioneirismo das Associadas da FENACERCI, está registado no facto de, após a última revisão do Código Cooperativo ter ficado consignada a instituição do Ramo Cooperativo da Solidariedade Social, o décimo segundo dos ramos que integram este sector económico, sendo a regulamentação específica das Cooperativas de Solidariedade Social publicada em 1998 no decreto-lei 7/98 (de 15 de Janeiro). A essência das cooperativas deste ramo encontra-se inserida nas CERCI’S, cooperativas que embora formalmente integradas no ramo do Ensino, por inexistência de alternativas, desenvolviam já à data da revisão do código um conjunto de actividades diversificadas para públicos alvo igualmente diversificados. Pode-se inclusivamente dizer que, de certo modo, é a constatação de que as CERCI’S configuram um universo de intervenção alargado no domínio da intervenção social de proximidade que faz despoletar a criação e, posteriormente, a regulamentação deste novo ramo cooperativo.
Em virtude da experiência adquirida ao longo destes anos, consciencializou-se a importância e a necessidade de se ter uma visão mais alargada sobre o apoio ao cidadão com deficiência intelectual, colocando como base de referência um plano de acção referenciado a um modelo ecológico.
Neste sentido, um número significativo de Cooperativas, asseguram um número significativo de valências de atendimento com o objectivo de abrangerem diversas faixas etárias e diferentes graus de deficiência. Fazem parte destas valências, os Centros de Formação Profissional, Centros de Apoio Ocupacional, Unidades Residenciais, Unidades de Intervenção Precoce, Centros de Emprego Protegido, Enclaves e Unidades de Apoio à Família, Apoio Domiciliário, entre outros.